quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO DO TESTE


1.    Identificação do acontecimento ocorrido em Fevereiro de 1908: regicídio OU assassinato do rei D. Carlos.

2.    Indicação clara de duas das seguintes críticas de Afonso Costa ao regime monárquico:

–– manutenção das práticas governativas anteriores ao regicídio: «continuação dos mesmos processos péssimos do passado» OU «não lhes serviu de aviso»;

–– falta de medidas na área da instrução e da educação: «em vez de o educar,

de o instruir, os monárquicos deixaram-no no mais completo atraso, no maior

obscurantismo» OU «Nada fez pela instrução»;

–– incapacidade de resolução dos graves problemas económicos e financeiros do país: «O descalabro financeiro [...] não tem similar» OU «Nada fez pela economia pública»;

–– agravamento das condições sociais dos trabalhadores: «antes agravou as condições das classes produtoras»;

–– repressão das iniciativas que contestavam a cedência aos interesses britânicos: «repressão das manifestações patrióticas subsequentes ao ultimato».

•• Utilização adequada e sistemática da terminologia específica da disciplina.

 

3. Referência clara de duas das seguintes medidas sociais tomadas pelos governos da Primeira República para melhorar as «condições das classes produtoras»:

–– reconhecimento do direito à greve;

–– instituição do descanso semanal obrigatório;

–– limitação dos horários de trabalho OU fixação da semana laboral de 48 horas;

–– proteção na doença e na velhice;

–– estabelecimento da escolaridade obrigatória (ensino primário).

              •• Utilização adequada e sistemática da terminologia específica da disciplina.

 

4. Referência clara de três dos seguintes problemas com que se deparou a Primeira República ao longo da sua vigência:

- instabilidade política OU existência de 45 governos em 16 anos;

.- a participação na primeira guerra mundial;

- a política de laicização do Estado OU hostilização dos setores católicos da sociedade;

- a crise económica e financeira OU inflação, falências e desemprego

- a instabilidade social OU manifestações e greves.

              •• Utilização adequada e sistemática da terminologia específica da disciplina.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA EM PORTUGAL

A revolução foi preparada para ter início no dia 4 de Outubro, em Lisboa. Desde a madrugada foram-se organizando os oficiais revoltosos, que puderam contar com o auxílio da Marinha. Seguiram-se recontros entre os republicanos e as forças fiéis à monarquia.

A República foi proclamada às 9:00 horas do dia 5 de Outubro de 1910, da varanda dos Paços do Concelho.
Logo após a revolução, formou-se um Governo Provisório presidido por Teófilo Braga.
A Assembleia Nacional Constituinte elaborou a Constituição de 1911 e elegeu o primeiro presidente da República (Manuel de Arriaga). As linhas de fundo do regime político republicano eram:
  • a superioridade do poder legislativo (parlamentarismo), pois o Congresso da República, composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, era dotado de amplos poderes: controlava o Governo e podia destituir o presidente da República. Esta característica pode em parte explicar a instabilidade governativa da Primeira República;
  • o carácter simbólico da figura do presidente da República, o qual era eleito pelo Congresso e não podia exercer direito de veto sobre as leis emanadas do próprio Congresso;
  • o sufrágio direto e universal para os maiores de 21 anos que soubessem ler e escrever ou fossem chefes de família.
Propaganda republicana na imprensa da época
As ideias republicanas assentam:
  • na laicização do Estado (separação entre a Igreja e o Estado) - porém as medidas anticlericais do ministro Afonso Costa (por exemplo, a expulsão dos jesuítas) fizeram com que a Primeira República perdesse parte do apoio popular;
  • na abolição da sociedade de ordens (através da aniquilação definitiva dos privilégios da nobreza e do clero);
  • na defesa dos trabalhadores (defendendo o direito à greve e o descanso obrigatório aos domingos para os assalariados);
  • no direito à instrução (reforma do ensino público) - a Primeira República conseguiu alguns resultados no domínio do ensino, no entanto, afastou os analfabetos da participação política.

A CRISE DA MONARQUIA PORTUGUESA

No final do século XIX a vida urbana propiciava a proliferação das ideias republicanas e antimonárquicas, principalmente entre a burguesia urbana de Lisboa, Porto e Coimbra. Entre os factores que contribuíram para isso: 
  • A vida dos cafés, a educação básica e os jornais tornaram a opinião pública muito informada e interventiva. 
  • O rotativismo partidário entre os partidos do regime Regenerador e Progressista e a falta de soluções   contribuíram para a falta de credibilidade do sistema monárquico liberal, havendo suspeitas de manipulação de resultados eleitorais. 
  • os governos e o rei passaram a ser muito criticados sendo cada vez mais frequente a censura ao regime. 
  • A insatisfação e descontentamento populares eram grandes devido à crise económica e financeira que assolava o país. 
Neste contexto surgiu o Partido Republicano em 1876 desenvolvendo uma propaganda antigovernamental e aproveitando todos os factos políticos e económicos que resultassem em argumentos que mobilizassem as populações e encontrassem eco nas suas reivindicações. 

Em 1890 o episódio do Mapa Cor de Rosa e do Ultimatum deu argumentos à oposição para reclamar com violência contra o rei. Abandonando aos ingleses as pretensões de ocupação dos territórios do Chire o governo português deu argumentos aos republicanos para desenvolverem uma série de acções populares de protesto contra o rei e os interesses ingleses.
Um ano depois em 31 de Janeiro de 1891 deu-se a primeira revolta republicana em Portugal.

O ambiente de contestação e de quase estado de sitio fez com que o rei visse a sua autoridade posta em causa sendo obrigado a tomar medidas de reforço do seu poder:
  • Convidou o politico João Franco para primeiro ministro
  • dissolveu o Parlamento em 1907 e deu a João Franco poderes de ditadura.

O sentimento antimonárquico tornou-se muito forte levando a Carbonária a organizar um atentado contra o rei em 1908, o regicídio, no qual faleceu também o príncipe herdeiro Luís Filipe.



 
D. Manuel tornou-se o último rei de Portugal como D. Manuel II. Sem conseguir resolver os problemas nacionais governou em contestação quase permanente sendo deposto em 5 de Outubro de 1910 juntamente com sua mãe D. Amélia. 

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

PROPOSTA DE CORREÇÃO DO TESTE

GRUPO I

1.1 C; B; E; A; D.

2.1 Três das motivações dos países europeus para levarem a cabo o novo colonialismo e imperialismo estão bem visíveis nos documentos apresentados. Uma delas é a missão civilizadora que os países europeus pensavam que era da sua responsabilidade, uma vez que se consideravam superiores a todos os outros e a sua cultura era a melhor e a mais evoluída (doc. 2). A outra é "para se abastecer de matérias-primas" (doc.3) e a última "ampliar os seus mercados" (doc. 3) para vender os seus produtos industriais pois "os mercados europeus estão saturados" e é preciso "encontrar consumidores noutras partes do mundo" (doc. 4).
 
3.1 O principal objetivo da Conferência de Berlim era a partilha de África pelas potências europeias.
 
3.2 A Conferência de Berlim estabeleceu o princípio da ocupação efetiva dos territórios, em que as metrópoles tinham de "assegurar (...) a existência de uma autoridade suficiente para fazer respeitar direitos" (doc. 5).
 
3.3 Portugal tinha a ambição de aumentar os seus territórios em África e apresentou uma proposta para ligar Angola e Moçambique pelo interior do continente, projeto a que deu o nome de Mapa Cor de Rosa (doc. 6). No entanto, a Inglaterra opôs-se a este projeto português, por ir contra os seus interesses em África, e fez um ultimato: ou Portugal abandonava a ideia ou a Inglaterra cortava relações diplomáticas. Portugal acabou por ceder.
 
GRUPO II
 
1.1 Duas das principais causas da I Guerra Mundial foram: as rivalidades económicas entre os países europeus, de que são exemplo a Inglaterra e a Alemanha. "Há na Europa duas grandes forças opostas (...), duas grandes nações" (doc. 7) que procuram impor o seu domínio comercial. "Se a Alemanha fosse extinta amanhã, não haveria depois de amanhã um só inglês no mundo que não fosse mais rico do que é hoje" (doc. 9). Outra causa foi a política de alianças que se observa no mapa do doc. 8 e que acabou por dividir os países europeus em dois grupos opostos.
 
2.1 A I Guerra Mundial decorreu em três fases distintas: uma primeira fase de guerra de movimentos (1914-15); uma segunda fase de guerra de trincheiras (1915-1917) e uma última fase de nova guerra de movimentos (1917-18).
 
2.2 Três das novas armas usadas pela primeira vez na I Guerra Mundial foram os carros de combate (ou tanques), os aviões, os submarinos (e outras alternativas como armas químicas e metralhadoras).
 
3.1 A I Guerra Mundial teve consequências devastadoras e profundas. Como podemos observar no mapa do doc. 12, após a guerra a Europa sofreu grandes modificações no seu mapa político tendo-se desmembrado antigos impérios, como o Alemão e o Austro-húngaro, e tendo surgido novos países, como a Polónia, a Áustria e a Hungria.
Outra das consequências foi o elevado número de mortos e feridos em resultado da guerra (doc. 13), o que provocou uma grande quebra demográfica na Europa.
Finalmente, uma terceira consequência foi a decadência económica e política da Europa (doc. 14) que devido à destruição de muitas das suas cidades, à perda de população e à destruição do seu tecido produtivo (fábricas, campos e infraestruturas) viu a sua hegemonia ser substituída pelos Estados Unidos em ascensão.
 
 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

DA RÚSSIA DOS CZARES À RÚSSIA DOS SOVIETES

A Rússia nas vésperas da Revolução. O “Domingo Sangrento”

  • No início do século XX, a Rússia era um extenso império territorial que se encontrava numa situação de atraso em relação às mudanças ocorridas nos países da Europa ocidental, devido a:
  • uma monarquia absoluta, chefiada por um imperador, o czar, que concentrava em si todos os poderes;
  • uma sociedade hierarquizada: a Igreja, a Coroa e os aristocratas possuíam a maioria das terras; os camponeses (cerca de 80% da população) trabalhavam nestas terras e viviam numa situação de miséria extrema; os operários (cerca de 3 milhões) levavam uma vida de miséria e a burguesia, minoritária, tinha pouco poder económico e político;
  • uma agricultura arcaica de pouca produtividade que era, no entanto, a base da vida económica do país;
  • uma industrialização incipiente, iniciada apenas no final só século XIX. Os principais centros de comércio localizavam-se nas grandes cidades (como Moscovo e São Petersburgo) pois não existiam boas vias de comunicação, de maneira a espalhar o comércio pelo país.

  • A 22 de Janeiro de 1905 (9 de Janeiro pelo antigo calendário em vigor na Rússia nessa época),domingo, realizou-se uma manifestação em São Petersburgo, capital do império, para entregar ao czar no poder, Nicolau II, uma petição assinada por milhares de trabalhadores que reclamavam: a melhoria das condições de vidao fim da censuraa constituição de um parlamento (Duma).

  • A guarda do czar, em resposta à manifestação, disparou sobre os manifestantes, matando milhares de trabalhadores. Este dia ficou conhecido como “Domingo Sangrento”. Em consequência, ocorreram várias greves e surgiram conselhos de operários, de camponeses e de soldados (os sovietes) que difundiam ideias revolucionárias. Os sovietes eram controlados pelo partido bolchevique, cuja chefia tinha sido confiada a Lenine, em 1903.

  •  Embora o czar tenha prometido a criação de uma Duma, a existência de partidos políticos e de uma constituição, os revolucionários organizaram uma greve geral em Novembro. Como resposta, os sovietes foram ilegalizados e os líderes da oposição, incluindo Lenine, foram presos e exilados. Das promessas do czar apenas se manteve a Duma, entre 1906 e 1917. Mas esta era controlada pelos aristocratas e pelo czar que tinha o poder de a dissolver.
  • A participação da Rússia na I Guerra Mundial agravou a situação de miséria do seu povo, não só devido ao elevado número de mortos como também à escassez de alimentos e à subida dos preços.


A Revolução “Burguesa” e a Revolução Bolchevique

  • A crise económica e a agitação social foram aproveitadas pelas forças revolucionárias para divulgar as ideias liberais e socialistas, desencadeando manifestações e greves por todo o país. A 12 de Março (27 de Fevereiro) de 1917, milhares de manifestantes invadiram a sede da Duma em Petrogrado (São Petersburgo). Formaram-se dois comités: um constituído pelos deputados moderados da Duma e outro constituído pelos sovietes de Petrogrado. Este acontecimento ficou conhecido como Revolução “Burguesa”Revolução Liberal ou Revolução de Fevereiro.

  • A 15 (2) de Março, o czarismo chegou ao fim: o czar Nicolau II abdicou e a Duma nomeou um governo provisório. Institui-se um regime liberal parlamentar. Porém, o novo governo começou logo a ser contestado pelo comité dos sovietes. Estes eram contra a intenção do governo de manter a Rússia na I Guerra Mundial e reclamavam a legitimidade para governar. Lenine, já regressado do exílio em Londres, defendia uma revolução que entregasse todo o poder aos sovietes
  • De 6 a 8 de Novembro (24 a 26 de Outubro) deu-se a chamada Revolução de Outubro ou Revolução Bolchevique. A 7 de Novembro (25 de Outubro) a polícia militar bolchevique ocupou pontos estratégicos da cidade, prendeu os ministros do governo provisório e dissolveu a Duma. O poder governamental foi entregue, no dia 8 (26) ao Conselho dos Comissários do Povo, liderado por Lenine. Com esta Revolução iniciou-se um período de profundas transformações políticas.
  • A Rússia transformou-se numa República Soviética, em que os sovietes tinham mais poder que a Assembleia Constituinte, saída das eleições. Entre as medidas que foram tomadas pelo governo bolchevique encontramos:
  • paz imediata com a Alemanha (Tratado de Brest-Litovsk);
  • abolição de toda a propriedade privada, como fábricas, terras e minas, que foram nacionalizadas sem o pagamento de indemnizações aos seus proprietários;
  • requisição pelo Estado das colheitas agrícolas, exceptuando o indispensável para consumo próprio. 
  • Lenine adotou, assim, as ideias marxistas e adaptou-as à realidade russa, surgindo, assim, o Marxismo-Leninismo. O seu objetivo imediato era a Ditadura do Proletariado, que seria uma fase de transição para o seu objetivo final – o Comunismo. No Comunismo o operariado seria a classe dominante e todo o poder da burguesia (capital, terras e fábricas) seria transferido para o Estado, sendo que este tinha de garantir o bem-estar de toda a população.


Do comunismo de guerra à NEP. A construção da URSS

  • As medidas tomadas por Lenine conduziram a Rússia a um período de guerra civil (1918-1920) entre os defensores do antigo regime (russos “brancos”), que contavam com o apoio de países como a França, a Grã-Bretanha e os EUA, que receavam a expansão das ideias revolucionárias, e os defensores do atual regime (russos “vermelhos”). 
  • A guerra civil e a forte oposição externa levaram Lenine a radicalizar as suas posições, adotando um “comunismo de guerra” (1918-1921), tomando várias medidas, tais como: 
  • proibição de outros partidos políticos, além do Partido Comunista-Bolchevista;
  • a instauração da censura;
  • a constituição de uma polícia política – Tcheka;
  • perseguição, a prisão, a tortura e a morte dos adversários políticos. 
  • guerra civil terminou em 1920, com a vitória do Exército Vermelho (russos “vermelhos”) e arruinou o país. O “comunismo de guerra” contribui para aumentar o descontentamento da população, surgindo revoltas, greves e manifestações. Por isso, Lenine implantou a Nova Política Económica (NEP), retornando ao “capitalismo limitado por um tempo limitado”. Com a NEP, embora o Estado continuasse a controlar os principais sectores da economia, este permitia:
  • pequenas unidades privadas de produção agrícola e industrial;
  • a entrada de capitais e técnicos estrangeiros;
  • alguma liberdade de comércio, como por exemplo, a venda livre de produtos agrícolas.
  • Com a implementação da NEP, os níveis de produção aumentaram e, consequentemente, permitiu a melhoria das condições de vida da população e estabilidade política.
  • Em 1922, para atrair os povos que tinham sido anexados à Rússia e que possuíam etnias, línguas, costumes e religiões diferentes para o “espírito bolchevista”, Lenine conseguiu que fosse aprovada a fundação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
  • A sua Constituição, aprovada em 1923, estabeleceu a Federação de Estados e reconheceu as diferentes nacionalidades e a diversidade cultural.








 


terça-feira, 29 de outubro de 2013

OS NOVOS MÉTODOS DE RACIONALIZAÇÃO DO TRABALHO

As exigências de produzir mais e mais barato, para obter maiores lucros, levam à reorganização do trabalho e dos processos de fabrico. 
Surgem as grandes linhas de montagem. 
O Fordismo pretende aumentar a produção e diminuir os tempos mortos, aplicando dois métodos de trabalho novos à linha de produção: 
  • Taylorismo segundo o qual o operário realiza apenas uma fase do processo de produção especializando-se num conjunto restrito de operações que realiza de forma automática e com grande destreza.
  • Estandardização segundo o qual são utilizados componentes iguais em vários dos itens fabricados, no sentido de reduzir os custos de produção mantendo a diversidade de artigos produzidos mas utilizando alguns componentes iguais. 
O Fordismo foi fortemente criticado no seu tempo sendo-lhe atribuídos grandes inconvenientes para o operário. Assim procurou-se compensar tais inconvenientes com o aumento do salário correspondente aos ganhos de produtividade e aumento de lucros resultantes deste novo sistema de produção. 


A ASCENSÃO DOS EUA

A guerra permitiu grande prosperidade aos Estados Unidos da América. 
A sua economia beneficiou da adopção generalizada do novo modelo de produção industrial e do relançamento da economia europeia. Os EUA tornaram-se o grande financiador das economias europeias nomeadamente a alemã permitindo-lhe o pagamento das reparações e indemnizações que eram devidas ao Reino Unido e à França.

PARA RELEMBRAR A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

O ambiente vivido antes da grande guerra: rivalidade económica e nacionalismos

  • No início do século XX, a Europa era um continente dividido e marcado por inúmeras rivalidades. Um dos principais motivos era a disputa das colónias. Em cada um dos principais países havia cenários diferentes:
  • Grã-Bretanha - era detentora de um grande império colonial e possuía um regime parlamentar apoiado por uma burguesia industrial extremamente poderosa e influente;
  • França - mantinha uma enorme rivalidade com a Alemanha, que nascera com a guerra Franco-prussiana em 1870/71.  Deste conflito resultou a vitória alemã e a perda da província da Alsácia-Lorena, uma importante fonte de matérias-primas industriais como carvão ou o ferro;
  • Alemanha - era a maior rival da Grã-Bretanha em termos económicos. Detinham também um grande poder industrial e financeiro. Neste país havia um profundo movimento nacionalista que defendia uma vida militar assente no expansionismo do estado germânico;
  • Austria-Húngria - a força do império Austro-húngaro assentava na organização e disciplina do seu exército, dominados por um monarca com um poder absoluto, o Imperador Francisco José;
  • Balcãs - tornaram-se um autêntico barril de pólvora devido ao clima de tensão em que se vivia. Em 1908 a Áustria-Hungria conquistou a Bósnia-Herzegovina que pretendia seguir a sua política expansionista procurando garantir a submissão da Sérvia;
  • Rússia - dominada pelo regime autoritário do czar Nicolau II, mantinha uma enorme rivalidade com a Áustria-Hungria pela posse da península Balcânica.


A política das alianças
  • O clima de rivalidade económica no continente europeu conduziu a uma corrida ao armamento por parte das grandes potências.

  • A ameaça de confrontos levou à constituição de alianças militares, através das quais os países se comprometiam a auxiliar-se reciprocamente em caso de ataque inimigo. Assim, em 1882 foi formada a Tríplice Aliança, assinada pela Alemanha, Áustria-Hungria e Itália. Em 1907, formou-se a Tríplice Entente, constituída pela França, Grã-Bretanha e Rússia.

  • A Tríplice Aliança (a verde) e a Tríplice Entente (a cor-de-rosa) eram, assim, duas alianças militares e políticas opostas.

  • Esta política de alianças manteve uma relativa estabilidade no equilibro europeu, mas não evitou a corrida aos armamentos. Vivia-se nesta época um clima de paz armada, pois qualquer incidente poderia comprometer esse frágil equilibrado.

O início da grande guerra: atentado de Sarajevo
  • No dia 28 de Junho de 1914, ocorreu um incidente que despoletou a I Guerra Mundial: o atentado de Sarajevo.

  • Gavril Princip era um estudante, de nacionalidade sérvia e destacado dirigente de uma sociedade secreta de cariz nacionalista intitulada “MÃO NEGRA”, cujo principal objectivo era lutar contra a soberania austro-húngara. O arquiduque Francisco Fernando era o príncipe herdeiro da coroa austro-húngara. Juntamente com a sua esposa foi assassinado á queima-roupa por Gravil Princip em plena via publica após ter assistido a uma sessão solene no edifício Sarajevo.

  • O imperador Austro-húngaro, Francisco José, não se conformou com a perda do seu herdeiro, exigiu explicações ao governo Sérvio, pois os seus conselheiros desconfiavam dos serviços secretos da Sérvia no atentado de 23 de Julho de 1914. Preocupados com o atraso da formalização da acusação a Gavril Princip, a Áustria-Hungria fez um ultimato à Sérvia, exigindo chamar a si as responsabilidades pela condução do inquérito do atentado.

  • Perante a recusa da Sérvia, no dia 28 de Julho a Áustria-Hungria declarou-lhe guerra. Dois dias depois, a Rússia, tradicional aliada da Sérvia entra em acção e declarou guerra à Áustria-Hungria.

  • Nos dois dias seguintes foram formadas as alianças militares sucedendo-se as declarações de guerra. Em Agosto de 1914, a Alemanha movimentou-se e invadiu a Bélgica e posteriormente a França. Iniciava-se assim a 1ª Guerra Mundial. 

O primeiro conflito mundial
  • Os países inicialmente envolvidos na guerra pensaram que esta iria ser curta: os Aliados (países da Tríplice Entente) contavam com a superioridade numérica dos seus efectivos; as Potências Centrais (Tríplice Aliança) confiavam na superioridade técnica do seu armamento. Numa primeira fase, os dois blocos confrontaram-se em três frentes:
  • a frente ocidental, do Mar do Norte até à Suíça;
  • a frente balcânica, do Mar Adriático ao Império Otomano (actual Turquia);
  • a frente leste, que se estendia do Mar Báltico até ao Mar Negro.

  • A I Grande Guerra prolongou-se de 1914 até 1918, arrastando consigo 8 milhões de mortos e muita devastação. Dividiu-se em várias fases.

Primeira fase: Guerra dos Movimentos (1914-1915)
  • Após as declarações de guerra da Alemanha à Rússia e a França a 1 e 3 de Agosto de 1914 respectivamente, a mobilização dos soldados alemães foi feita na presunção de que o conflito seria breve. O plano de ataque alemão baseou-se numa estratégia de ataque - surpresa com a intenção de invadir a França, passando primeiro pelo Luxemburgo e pela Bélgica.

  • Foi uma «Guerra-Relâmpago»: Os alemães avançaram fortemente na frente ocidental e a 6 de Setembro encontravam-se já a 60 Km de Paris. É então que se dá a Batalha do Marne, em que as tropas francesas lideradas pelo general Joffre conseguiram travar o avanço em massa dos Alemães, obrigando-os a recuar.

Segunda fase: Guerra das Trincheiras (1915-1917)
  • Para conservar as regiões ocupadas nas mais diversas frentes, os exércitos abriram trincheiras: longas valas rodeadas por arame farpado onde os soldados se protegiam.

  • Esta nova fase era marcada por condições muito duras: os soldados tinham que viver rodeados por más condições de higiene, ratos, lama, chuva e frio. Frequentemente, estavam sujeitos a ataques de artilharia e de gases asfixiantes.

  • A guerra das trincheiras prolongar-se-ia até 1917. Ao longo deste período, os avanços foram pouco significativos, mas travaram-se combates devastadores como a Batalha de Verdun em 1916 que resultou em 600 mil mortos.

Armas e outras tecnologias utilizadas
  • Durante a 1ª Guerra Mundial foram utilizados pela primeira vez novos tipos de transportes e de armas. Quanto aos transportes, foram utilizados os tanques, os submarinos, os aviões e automóveis para o transporte dos soldados. Quanto às armas, foram utilizadas as metralhadoras, os canhões, gases asfixiantes (os quais podiam ser evitados através das máscaras de gás) e alguns novos explosivos.

  • Também foram utilizados alguns novos aparelhos úteis, tais como o telégrafo e o telefone, os quais serviam para a comunicação dos soldados.

  • Os diferentes sectores foram desenvolvidos para ajudar nas inúmeras despesas militares e, além disso, foram usadas algumas línguas globais para facilitar a comunicação entre os países aliados.

A terceira fase: a entrada dos EUA
  • Depois de uma fase de impasse, entramos na fase final da guerra. Esta fase ficou marcada pela entrada dos Estados Unidos e pela saída da Rússia.

  • No início do conflito os E.U.A. forneciam ao exército aliado, armamento, munições e alimento. Contudo a 6 de Abril de 1917 após o ataque de submarinos Alemães a navios Americanos, os E.U.A declararam guerra à Alemanha.

  • A entrada do EUA no conflito, trouxe uma nova motivação aos soldados aliados e contribuiu para desequilíbrios nas forças no campo da batalha devido ao grande poder financeiro e militar dos Americanos.

Portugal na I Guerra Mundial
  • A I Guerra Mundial trouxe consequências nefastas para o nosso país, fazendo desacreditar o regime republicano. Estas fizeram-se logo sentir no início da Guerra, a moeda saiu de circulação e houve uma grande subida de preços. Como se não bastasse, Portugal via-se obrigado a participar na I Guerra Mundial, não só pela velha Aliança com a Inglaterra mas também para defender as suas colónias que começavam a ser atacadas pela Alemanha.

  • A participação na Guerra traria consequências irreversíveis para o nosso país, e disso ninguém tinha dúvidas, mas era também importante ficar ao lado da Inglaterra nas decisões pós-guerra, para poder preservar as suas colónias.

  • A incursão de Portugal na Guerra ocorre em Fevereiro de 1916 em que Portugal apodera-se dos navios alemães presentes nos seus portos. O nosso país junta-se aos aliados e em Janeiro de 1917, milhares de soldados são enviados para a frente francesa.

  • A 9 de Abril de 1918, em La Lys, os militares portugueses vêm-se esgotados e sem apoio frente a oito divisões alemães, o insucesso era óbvio e milhares de militares foram mortos ou feitos prisioneiros.

  • A Guerra termina e o Tratado de Paz fora assinado e Portugal permaneceria com a posse das suas colónias africanas, mas os danos provocados pela Guerra tinham sido irreparáveis.

  • Agravara-se a situação económica, e isso levaria a uma maior agitação social, devido ao número de mortos, á falta de alimentos, à repressão de liberdades e ao ressurgimento de algumas ideologias monárquicas.

O fim da guerra
  • A 11 de Novembro de 1918, é assinado o Armistício: a Alemanha rende-se. Em Junho de 1919, é assinado o Tratado de Versalhes onde se traça um novo mapa político.

  • Terminada a guerra, convocou-se para Janeiro de 1919, em Paris, uma conferência de paz com o objectivo de celebrar acordos e tratados com os países vencidos. O mais importante dos Tratados de Paz foi o Tratado de Versalhes, assinado no Palácio de Versalhes a 28 de Julho de 1919 e imposta aos países derrotados. A Alemanha foi obrigada a assinar este tratado e a aceitar cláusulas humilhantes, nomeadamente a redução das suas forças armadas a um pequeno exército defensivo, abandono de todas as suas colónias a favor dos Aliados, a restituição de Alsácia-Lorena à França e o pagamento de pesadas indemnizações de guerra.

  • De Versalhes resultou também a elaboração de um novo mapa político europeu. O Império Austro-húngaro foi desmembrado dando lugar ao aparecimento da Checoslováquia, da Hungria e da Polónia, saíram outros novos estados como a Jugoslávia, a Finlândia, a Letónia, a Lituânia e a Estónia.

  • Politicamente assistiu-se a um regime de democracia parlamentar - sistema político em que o Parlamento, assembleia legislativa, onde se encontram representados as várias facções políticas, é o órgão principal. O governo assume perante o parlamento as suas responsabilidades.

  • Da assinatura do tratado de Versalhes, para além do novo mapa político, determinou-se também a criação da Sociedade das Nações (SDN), com sede em Genebra. Dela faziam parte, inicialmente, os 32 países vencedores da guerra e os 13 neutrais. Este organismo internacional propunha-se a:
  • assegurar a paz, resolvendo conflitos entre os Estados-membros através do diálogo e da diplomacia;
  • promover a cooperação económica e cultural entre as nações.